Porto Alegre, 02 de fevereiro de 2024 – O mês de janeiro foi de forte alta para o açúcar na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), principal referência para as cotações internacionais da commodity. O açúcar bruto no contrato março em NY acumulou uma valorização de 17,2% em janeiro. Apreensões com as chuvas insuficientes aos canaviais no Centro-Sul do Brasil garantiram sustentação aos preços, em meio a temores em relação ao tamanho da safra de cana do principal país produtor de açúcar do mundo.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci, janeiro foi um período de movimentos importantes para o açúcar em Nova York. Ele comenta que este foi o período em que o mercado completou o seu ciclo recente de queda dos 28,00 centavos de dólar por libra-peso para os 21,00 cents. Também foi o momento em que houve um novo repique de alta após este forte mergulho negativo começado em dezembro. Destaca que o contrato março/2024 se projetou em direção aos 25,00 cents. “Ainda que sem atingi-lo efetivamente, ficou claramente demarcado a máxima de curto prazo para o primeiro trimestre, não apenas para Março/2024, mas também para a segunda tela da bolsa de Nova York, Maio/24”, diz.
O contrato março em NY fechou a última sessão do mês de janeiro em 24,13 centavos de dólar, acumulando alta de 17,2% sobre o fechamento do mês de dezembro, que fora em 20,58 centavos.
Já no mercado físico brasileiro, o mês de janeiro foi um período de desvalorização moderada nos preços médios da saca de 50 kg de açúcar cristal de 150 Icumsa negociados na região de Ribeirão Preto no curto prazo. Muruci indica que a média geral de janeiro foi de preços na faixa de R$ 143,68, que se mostrou 5,19% mais baixa que a média do mês imediatamente anterior, dezembro, que teve negociações oscilando ao redor da média de R$ 151,56. Apesar disso, diz Muruci, no comparativo anual, frente a janeiro de 2022, o cenário foi o oposto, com ganhos de 2,86% frente ao preço já trazido para valores presentes e corrigido pela inflação, de R$ 139,69. Em termos nominais os preços de janeiro de 2022 foram de R$ 134,26.
Frente à média dos últimos cinco anos sobre o mesmo período, Muruci destaca que temos uma alta intensa na faixa de 6,95% frente ao preço já trazido para valores presentes de R$ 134,35 que geralmente se observa nesta época do ano. Para o consultor, há claramente um cenário divergente no comparativo de preços de curto prazo [que se mostra negativo] com o de médio a longo [que se mostra positivo]. “No curto prazo há uma clara desaceleração dos preços por parte das usinas que se mostram mais dispostas a vender açúcar cristal em janeiro. Isto acontece porque a moagem da safra tem continuado relativamente forte para esta época do ano”, indica.
Muruci avalia que a moagem ainda elevada em plena entressafra coloca as usinas em forte necessidade de espaço para estocagem de açúcar cristal, o qual se mostra muito escasso no curto e médio prazo frente à forte necessidade de produção e estocagem de VHP para os embarques de exportação agendados para o primeiro trimestre de 2024. “Com isso, as usinas que fabricam cristal acabam tendo que rapidamente escoar essa produção, sem muito espaço disponível para a sua armazenagem, o que coloca as mesmas diretamente no mercado de curto prazo, principalmente o spot”, comenta. Na outra ponta, observa Muruci, temos indústrias compradoras e revendedores atacadistas sem grande pressa para voltar a recompor seus estoques intermediários.
Acompanhe a Agência Safras no nosso site. Siga-nos também no Instagram, Twitter e SAFRAS TV e fique por dentro das principais notícias do agronegócio!
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2024 – Grupo CMA